O ogro azul dos fãs de anime e mangá…


Antes de mais nada, esse texto não é uma crítica a editora JBC por ter cancelado Futari H, mesmo porque eu acredito que a editora tentou  realmente achar uma maneira de continuar o título citado. Estou apenas me aproveitando da ideia que surgiu devido a esta notícia, para comentar a questão do cancelamento de um quadrinho e como isso afeta tanto a editora como o leitor, além disso, aproveito o assunto para fazer uma pequena crítica construtiva ao mercado de mangás no Brasil.

Vale ressaltar que o texto abaixo é todo feito em cima de suposições.

Possível Causa

Devem haver diversos motivos para se cancelar um mangá, mas eu acredito que os três principais e mais inevitáveis motivos para um cancelamento são: Baixa vendagem, Problemas com licenciamento e a combinação dos dois motivos anteriores. Como os dois primeiros casos são auto explicativos e como acho que o mais comum é o terceiro, vou me a ter a explicar somente este último caso.

Tendo como exemplo um mangá “M” qualquer, se afirmamos que ele vende mal,  significa que ele está dando mais prejuízo que lucro a editora. Para manter ele sendo lançado, teremos que ter uma baixa no custo de produção ou licenciamento, ou uma renegociação com a editora japonesa para o lançamento do mesmo em um novo formato que possa ser mais adequado ao mercado. Como diminuir o custo de produção pode significar um material de pior qualidade, há o problema da imagem da empresa ser manchada e a questão de essa alteração não poder ferir o acordo de licenciamento, em outras palavras, se uma mudança no material for vetado pela editora japonesa, ela não poderá ser feita e assim sendo, não há outra alternativa se não cancelar o mangá “M”.

Em sumo, com relação ao terceiro motivo para cancelamento citado, não consigo vislumbrar uma solução e caso alguém consiga, favor por nos comentário.

Por fim, gostaria de destacar que não vou discutir aqui o “porque uma editora japonesa vetaria qualquer coisa”.

Problemas de um cancelamento

Para editora: Sua imagem obviamente fica, ao menos um pouco, manchada.

Para o leitor: Primeiramente sua coleção ficará incompleta e  mesmo que este importe os volumes subsequentes, sua coleção nacional do mangá ainda assim continuará incompleta, fora que nem todo mundo tem conhecimento de outra língua para poder ler um material importado. O segundo problema está relacionado ao primeiro, mas está ligado menos ao lado chateação por poder não completar a obra e mais a questão financeira, pois muitos se sentirão lesados financeiramente caso tenham obtido uma obra incompleta, porém este é um risco infeliz que todo leitor corre.

Antes de terminar essa seção, gostaria de informar que já tive estes problemas relacionado aos mangás cujas imagens ilustram o início desse post, que são os títulos DR. SLUMP e SANCTUARY, ambos lançados aqui pela editora Conrad. O primeiro não foi um grande problema para mim, pois nem cheguei a começar direito a coleção (tenho apenas o volume 1), já que antes de fazê-lo a editora cancelou o título, além disso, tive o contato com o anime que adapta a obra praticamente toda. Já no segundo caso, eu havia comprado todos os volumes lançados aqui do mangá e nem o anime (OVA), nem o filme deste, adaptam a obra por completo.

Será que o mercado nacional está propício o bastante para que não ocorram mais cancelamentos?

E se não saísse dessa forma?

E se não saísse dessa forma?

O cancelamento de Futari H,  mostra que a resposta a essa questão é NÃO, mas gostaria de levar a discussão para o caso de ser possível lançar um mangá de outras formas, que não o velho Tankobon, em terras tupiniquins?

Com relação as famosas antologias, existem poucos casos para saber se isso daria realmente certo e muito menos isso impediria cancelamentos, só os tornaria menos drásticos acredito eu, pois ao menos o cancelamento de uma antologia seria financeiramente menos prejudicial ao leitor que o cancelamento dos lançamentos dos volumes de um mangá. Atualmente temos a antologia da Gen da editora Abril (contra pré-conceitos anteriormente formados, estou gostando) que aparentemente está rendendo bons frutos a editora, pois ela inclusive resolveu investir mais em quadrinhos japoneses. Se isso vai durar, eu não sei!

Já com relação a materiais (maiores e luxuosos) lançados em livrarias, não temos nenhum caso muito relevante para mencionar, embora possamos citar a edição de luxo de Vagabond pela Conrad, o lançamento de Golgo 13 pela JBC e os lançamentos de Solanin e Bouken Shonen pela L&PM. Pelo que vimos, apenas o primeiro não obteve êxito e nem sabemos se isso foi relacionado a vendas. Poderemos talvez ter um noção melhor se esse tipo de material feito para livraria pode dar certo em nosso mercado atual com o lançamento, anunciado hoje, da Black Edition de Death Note. A vantagem nesse caso é que certas obras poderiam ser vendidas com foco em nichos de colecionadores, tendo tiragens menores e com mais regalias, porém mais caras. Novamente utilizando um caso pessoal, estou colecionando Genshiken Omnibus, uma versão em 3 volumes contendo o material dos 9 volumes originais de Genshiken. Esse material é importado e até sai um pouco mais em conta no geral (não pra mim que estou importando). Sua venda é destinada principalmente a colecionadores, embora não seja uma edição de luxo. Esse formato de venda seria interessante por exemplo para o supracitado Futari H, que  é um material adulto, voltado a um nicho certamente bem específico e que talvez não seja tão grande aqui no Brasil.

E quanto ao lançamento de materiais online, não sabemos ainda se funcionaria, embora eu acredite piamente que deva ser um mercado para investir e que ele pode substituir no futuro as edição feitas para banca e coexistir com o material de luxo para colecionadores lançado em livrarias. A vantagem é principalmente a redução dos custos com impressão e distribuição dos mangás o que já ajudaria bastante. Os exemplos nacionais que temos relacionados a quadrinhos normalmente estão ligados a obras lançadas gratuitamente, por isso não servem como parâmetro, mas podemos citar ao menos que em termos de comics importados e e-books, esse formato vem ganhando grandes adeptos dentro e fora do país!

Mudando um pouco de assunto

Volto a questão de nós, fãs, não termos a informação nem da tiragem, nem número do número de vendas de mangás no Brasil. Pode parecer que isso em nada ajudaria a evitar cancelamentos, mas ao menos ia ajudar bastante a limpar a barra das editoras, pois teríamos como perceber se um material foi cancelado realmente porque vendeu mal e até os fãs desses títulos que vendem pouco, poderiam tentar se mobilizar, ou para tornar o mangá mais conhecido, ou ao menos para mostrar que tem um público razoável que toparia pagar mais por uma edição um pouco melhor e mais cara, afim de impedir o cancelamento do título. Pelo menos essa é a opinião deste humilde blogueiro.

O mangá foi cancelado, e agora?

Agora meus caros, é abrir a carteira para importar e se dedicar a aprender outra língua, ou rezar para que um dia o mangá seja publicado novamente, ou se conformar e decidir se vai guardar a coleção incompleta como lembrança, ou se vai resgatar parte do investimento em um sebo.

#chatiado

#chatiado

Para terminar este texto, gostaria de pedir que assistam a edição do Henshin Online, onde o editor Cassius Medauar fala sobre o cancelamento de Futari H e sobre o lançamento da Black Edition de Death Note,  clicando aqui. Aproveito o espaço para parabenizar a editora JBC por esse canal de divulgação e contato com o cliente, afinal é uma forma muito bacana de nos por a par das novidades através de um pessoa da própria editora e não apenas por sites e blogs (embora seja bom visitar esses também, para ter outras opiniões sobre o assunto).

Fico por aqui e até outro post!

Comentários em: "O mangá foi cancelado, e agora?" (4)

  1. Israel Cesar disse:

    Algum Fansub fez a série completa do Dr. Slump ou voce assistiu em japones mesmo? Eu não chegeui a comprar ele, mas emprestava de um amigo meu, foi tenso quando cancelaram….

    • Eu não vi toda a série ainda, mas tem um sub espanhol que fez e tem um sub nacional que começou, um tal de anime+subs, que eu tenho em português são os filmes, acho que já legendaram todos.

  2. willcav disse:

    Então… esse negocio de cancelamento é complicado.

    As editoras sempre acabam se prejudicando ao fazerem um investimento que não da certo, se chegou ao ponto de terem que cancelar, o prejuízo financeiro já foi grande, e ainda acabam com a imagem abalada.

    Por outro lado, os consumidores, os fãs fieis que acompanham a obra, sempre ficam na mão. Muitas vezes sem sequer uma nota a respeito por parte das editoras.

    No Brasil sempre vou ver as editoras como as grandes responsáveis em caso de cancelamento. A mecânica do mercado aqui pode ser estudada previamente antes de sair lançando qualquer coisa. No Japão a historia é totalmente diferente, cancelamentos lá são uma coisa, e por aqui são outra totalmente diferente.

    Se um manga não da certo aqui, é porque a editora de um jeito ou de outro, não fez seu trabalho direito. E o publico que paga, e paga caro pelos mangas, não tem culpa da irresponsabilidade das mesmas.

    Me lembro da época do lançamento de Futari Ecchi, de ter pensado que parecia uma bomba… Quanto a experiencia própria de cancelamento, tem o caso de Éden, manga da editora Panini, cancelado duas vezes! Depois disso fiquei um bom tempo sem comprar nada dela.

    Ah sim, respondendo a pergunta do titulo, não há nada a se fazer.

    Mesmo que você pense em aprender japonês pra poder ler direto do original, sempre existe a possibilidade de cancelamento por parte deles. O que infelizmente também não é tão incomum.

    Não tem jeito, cancelaram o manga, corre atrás se ele ainda estiver sendo lançado em algum lugar, e se não, parte pra outro, porque manga bom é o que não falta.

    • Excelente comentário e concordo plenamente, embora eu não achasse que Futari Ecchi iria tão mal dado o sucesso de Love Junkies, mas fazer oq?

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