
Vai ler os livros ou só ver o anime?
“A essência de uma obra-prima é azul! Estude literatura japonesa sem pegar em um livro!”
Relatando…
Aoi Bungaku (traduzindo: literatura azul) é um anime que reúne adaptações de 6 obras de famosos escritores japoneses e se apresenta explicitamente como uma coletânea, tendo como elementos óbvios de coesão o guia, rapaz sorridente que aparece em carne e osso no início ou no fim dos episódios, e a música de encerramento.
As primeira obra em questão é Ningen Shikkaku (traduzindo: não mais humano), novela (no sentido literário) de Dazai Osamu cuja adaptação corresponde ao maior “fragmento” do anime (4 dos 12 episódios), conta a história de Oba Yozo, um jovem com talento natural (ou berço de ouro mesmo) para conseguir o apoio e o afeto de outras pessoas (principalmente mulheres) que vive a se julgar um monstro incapaz de vencer pelos próprios méritos.
A segunda obra é Sakura no Mori no Mankai no Shita (traduzindo: na floresta, debaixo das cerejeiras em flor), conto de Ango Sakaguchi que, pelo menos na adaptação, narra o drama de um bandido chamado Shigemaru que vive relativamente isolado com suas 10 esposas, tem medo de cerejeiras e de repente se vê em apuros com os pedidos sórdidos (incluindo o assassinato de suas esposas) de uma mulher , Akiko, ao se apaixonar por ela e torná-la sua única companheira. Ocupa 2 episódios do anime (5 e 6).
A terceira obra é Kokoro (traduzindo: coração), novela de Natsume Soseki. No anime, a terceira parte dela é retratada 2 vezes. No primeiro episódio, Verão, a trama, ambientada na Tokyo do começo do século XX, é centrada em um rapaz que vive com a futura esposa e a futura sogra e, ao ver um amigo de infância (K) em apuros, o convida para morar com eles. O detalhe é que a moça se sente atraída por K à primeira vista e esse triângulo tem um final trágico. No segundo episódio, Inverno, a mesma situação é contada do ponto de vista de K e passamos a entendê-la melhor.
A quarta obra é Hashire Merosu (corra, Melos), conto de Dazai Osamu com ambientação mitológica grega onde Melos, para adiar a própria execução e ver o casamento da irmã, coloca seu amigo Selinuntius como garantia de que voltará em 3 dias sob pena da execução do inocente em caso de descumprimento da promessa. Na adaptação, o conto é mostrado como parte interna de outra história envolvendo Takada, que o escreve como sua peça teatral enquanto pensa no que aconteceu entre ele e seu amigo Joshima, um ator que 15 anos antes havia proposto que os 2 fossem para Tokyo em busca de melhores oportunidades, mas não apareceu na estação de trem a tempo e Takada viajou sozinho. Isso tudo é contado em 2 episódios.
A quinta obra é Kumo no Ito (o fio de teia), conto de Ryunosuke Akutagawa que mostra o fim de Kandata, assassino que, já morto e no inferno, recebe a oportunidade de ir ao paraíso através de um fio de teia de aranha, mas quebra esse fio com o peso de seu egoísmo diante do fato de que outros pecadores subiam atrás dele pelo fio. Na adaptação, a história começa com Kandata ainda vivo. Essa obra ocupa 1 episódio.
A sexta obra é Jigokuhen (imagem do inferno), outro conto de Ryunosuke Akutagawa. Nele, Yoshihide, o melhor pintor do país, é encarregado de criar uma pintura magnífica para o senhor daquelas terras. No processo ele usa violência como inspiração até o grande final onde ele termina de pintar o inferno ao ver sua filha queimando viva e acaba comentendo suicídio. Na adaptação, essa história ocupa o episódio final e é colocada uma pequena conexão com o anterior.